Impacto da alimentação na saúde
As escolhas alimentares são um dos factores determinantes da saúde humana (e igualmente da sustentabilidade ambiental).
Um mudança substancial no regime alimentar , para um de base vegetal, pode contribuir de forma significativa para promover a longevidade e reduzir as taxas de mortabilidade precoce. As leguminosas são nutricionalmente benéficas para a saúde humana. Um regime alimentar baseado no seu consumo permite assegurar todos os aminoácidos essenciais e contribui para uma alimentação saudável e equilibrada.
Os hábitos alimentares dos portugueses estão longe de serem saudáveis, e estão distantes do que são as raízes da cultura gastronómica portuguesa. Uma transição para a proteína vegetal requer obviamente uma mudança. Mas a mudança não seria algo de novo, ou até estranho, para alguns dos portugueses, em particular, para as gerações mais antigas que se recordam de uma outra forma de nos alimentarmos.
É necessário contrapor com uma nova, ambiciosa e necessária mudança em direção a um sistema alimentar baseado predominantemente na proteína vegetal, mais semelhante aos hábitos alimentares tradicionais, de origem mediterrânica, e que permita simultaneamente abordar algumas das problemáticas sociais e ambientais que enfrentamos atualmente.
Regresso às raízes
A transição para uma alimentação de base vegetal, em Portugal, é compatível com a ideia de um regresso "às raízes" dos hábitos alimentares nacionais.
Impacto económico e alimentação
A produção interna de leguminosas, em Portugal, está longe de ser suficiente para satisfazer o consumo interno dos consumidores.
O grau de autoaprovisionamento do total das leguminosas secas é de 18,6%, sendo que do feijão e do grão é de apenas 11% e 16,7% (INE,2021), respetivamente. Se temos necessidades de consumo superiores e condições edafoclimáticas para as satisfazer, o que nos impede de produzir mais leguminosas?
A nível global, assiste-se à evolução positiva na procura por leguminosas (ou produtos à base das mesmas) e por alternativas vegetais. Prevê-se uma taxa de crescimento anual composta, no mercado global de leguminosas, de 4,6%, entre 2019 a 2027, estimando-se que a venda das alternativas vegetais à carne ocupem 5% da quota de mercado, até 2030: uma oportunidade de investimento e de crescimento económico para o país.
Como
Queres conhecer melhor 3 leguminosas?
Apresentamos-te o tremoço, a ervilha e o grão-de-bico.
Queres conhecer melhor 3 leguminosas?
Apresentamos-te o tremoço, a ervilha e o grão-de-bico.
Tremoço
Lupinus albus L.
Reconhecido em Portugal enquanto petisco e sendo chamado, por alguns, de "marisco dos pobres", foi relegado a um papel que não lhe serve. No entanto, não lhe falta popularidade, ora não fosse esta leguminosa a estrela da expressão "mais conhecido que o tremoço"
As primeiras referências históricas que se conhecem da ervilha em Portugal encontram-se no Auto dos Físicos, da autoria de Gil Vicente (1465-1536).
Benefícios para o ambiente, produtores e consumidores
Benefícios para o ambiente, produtores e consumidores
Ervilhas
Pisum sativum L.
A ervilha verde é uma das leguminosas com melhor adaptação às condições do inverno português, sendo das mais cultivadas e com maior importância comercial. Com certeza já ouviste, ou já referiste, "vai à fava enquanto a ervilha enche". O porquê da expressão? Apesar de serem semeadas aproximadamente na mesma altura, a fava colhe-se enquanto se aguarda pela da ervilha.
Ervilhas
Pisum sativum L.
A ervilha verde é uma das leguminosas com melhor adaptação às condições do inverno português, sendo das mais cultivadas e com maior importância comercial. Com certeza já ouviste, ou já referiste, "vai à fava enquanto a ervilha enche". O porquê da expressão? Apesar de serem semeadas aproximadamente na mesma altura, a fava colhe-se enquanto se aguarda pela da ervilha.
Benefícios para o ambiente, produtores e consumidores
Grão-de-Bico
Cicer arietinum L.
A sua
Benefícios para o ambiente, produtores e consumidores
As condições edafoclimáticas de cada região são determinantes para a escolha das espécies vegetais a cultivar, especialmente a temperatura na interface ar/solo, a disponibilidade de água e a natureza do solo.
No que respeita à natureza do solo, as características determinantes à adaptação e produtividade das leguminosas são: profundidade, permeabilidade e agregação do solo, capacidade de retenção e drenagem de água, pH do solo e disponibilidade de nutrientes (Carneiro, 2020).
As leguminosas são consideradas plantas "amigas do ambiente" uma vez que são capazes de estabelecer relações simbólicas entre as suas raízes e bactérias fixadoras de azoto (Rhizobium spp.) presentes no solo, permitindo a fixação biológica de azoto atmosférico (Barroso et. al., 2007).
Dentro das várias espécies existentes de leguminosas, encontram-se opções com diferentes características que permitem a adaptação a solos de natureza distinta, tais como culturas adaptadas a solos mais ácidos, como o tremoço, outras a solos mais básicos como a fava e o grão-de-bico, e outras com uma ampla capacidade de adaptação, como as lentilhas
Em relação à textura dos solos é possível encontrar uma cultura leguminosa que esteja adaptada às condições do terreno. As faveiras preferem solos de textura média-fina a fina (desde que bem drenados), as ervilhas e grão-de-bico preferem solos de textura média, e os tremoços preferem solos de textura média-grosseira a grosseira.
Alguns impactos, positivos no solo, que decorrem da introdução de leguminosas:
É produtor ou agricultor?
Descarregue gratuitamente o Manual de Diretrizes sobre como plantar leguminosas aqui!
Aceder ao Manual de Diretrizes para produção sustentável de leguminosasCasos de sucesso nacional, existem?
Sim! Seguem-se alguns casos de sucesso de empresas portuguesas no mercado das leguminosas.
Agrinemus
A Agrinemus produz tremoços em modo biológico certificado, para fazer face a um número crescente de consumidores interessados em produtos mais sustentáveis.
Comercializa, por exemplo, o tremoço com sabor picante, para o segmentos dos apreciadores deste travo, ou com flor de sal, com menos de 15% de sal que outras referências e mais cálcio e sais minerais, para quem se "preocupa com a saúde", assim como o tremoço com ervas aromáticas. Para além destes, recorre ao tremoço como matéria prima para os seus produtos transformados, tais como as "bolinhas aromáticas" (tipo almôndega), os "medalhões de tremoço" (um género de hambúrguer), o falafel e o paté, todos eles de base inteiramente vegetal.
IBAU!
Caminho Sustentável
Com sede localizada em Pombal,
"Através de vídeos e publicações tentamos sempre passar este conceito que nós tínhamos para passar a mensagem. Ser um pouco um meio facilitador de como podemos fazer mais pela sustentabilidade, como podemos fazer uma refeição sem carne nem peixe durante a semana. [Foi] esse tipo de questões que tentamos chegar às pessoas de alguma forma apesar das limitações... com essa finalidade de abrir também horizontes, não só em termos alimentares mas também a consciência ambiental".
Raquel Pedrosa, uma das co-fundadoras da IBAU! - Caminho Sustentável, a par com Daniela Couto, Raquel Pedrosa e Flávia Alves
CFER - Centre for Food Education e Research (Feijão de soja)
Especializada no desenvolvimento de novos produtos alimentares, otimização de receitas para negócios que atuem neste âmbito, e com um forte componente de inovação centrada na tecnologia de alimentos e bebidas, a CFER é uma empresa portuguesa de biotecnologia, reconhecida, em particular, devido ao seu projeto inovador de criação de um ovo vegetal, como alternativa ao ovo de galinha, desenvolvido em conunto com a Plantalicious, também uma empresa portuguesa, e que pode ser usado na alimentação e na indústria pasteleira.
Criado a partir do feijão de soja, graças às propriedades físico-químicas deste, a escolha do feijão de soja, segundo Daniel Abegão (fundador da CFER), deveu-se ao facto de ser uma das leguminosas nutricionalmente mais interessantes, e por permitir atingir as características sensoriais desejadas.
"O resultado final deixou-nos realmente entusiasmados, tanto pelo feedback que temos obtido dos primeiros consumidores, bem como pelo feedback dos meios de comunicação social nacionais e internacionais".